Páginas

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Filósofos Modernos III

Voltaire - Iluminismo

As idéias filosóficas de Voltaire, tirada de Locke e de Newton, não são originais. O próprio espírito voltairiano teve seus precursores. Fontenelle (1657-1757) mostrou, antes de Voltaire, que a história se explica mais pelo jogo das paixões humanas do que pelo decreto da Providência. E Fontenelle já colocara (Conversações sobre a pluralidade dos mundos) a nova astronomia ao alcance dos marqueses. Pierre Bayle (1647-1707), protestante francês exilado em Roterdam, possuía a arte de, antes de Voltaire, opor os sistemas metafísicos entre si, a fim de ressaltar de suas contradições a necessidade da tolerância (o Dicionário histórico e crítico de Bayle, 1697, é uma prodigiosa colocação de teses que testemunha sua incomparável erudição e que será possuído por todos os intelectuais do século XVIII). Em seus Pensamentos sobre o cometa, Bayle já apresenta ardis tipicamente voltairianos para comprometer, em sua crítica aos prodígios e superstições populares, a fé nos milagres do cristianismo.
Voltaire, inimigo encarniçado do cristianismo, é um deísta convicto: a organização do mundo, sua finalidade interna, só se explicam pela existência de um Criador inteligente ("Este mundo me espanta e não posso imaginar / Que este relógio exista e não tenha relojoeiro"). Criticou Leibnitz e seu "melhor dos mundos possíveis" que, após o terremoto de Lisboa, permanece otimista; contra Pascal, "misantropo sublime", ele acha que o homem, reduzido apenas aos seus recursos, pode estabelecer uma certa justiça sobre a terra e alcançar uma certa felicidade. Apesar de negar o pecado original, Voltaire, no entanto, mantém o princípio de um Deus justiceiro. É certo que esse Deus policial é sobretudo requisitado para manter a ordem social e as vantagens econômicas aproveitadas por Voltaire e os outros grandes burgueses. O célebre verso de Voltaire"Se Deus não existisse precisaria ser inventado"deve, para ser bem compreendido, ser citado com seu comentário: "e teu novo arrendatário / Por não crer em Deus, pagar-te-á melhor?" É certo, no entanto, que Voltaire crê na ordem do mundo, numa finalidade providencial. Para ele, a estrutura geográfica da terra, as espécies vivas são fixas; em nome desse finalismo estático, ele rejeita as idéias evolucionistas que começam a se difundir.

 
Fonte: http://www.mundodosfilosofos.com.br/

Nenhum comentário: