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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Reflexão sobre o amor

-- Quero o que Dorota e Vanya tem. Amor verdadeiro... simples e real.
-- Ficaria entediada em 5 minutos.
-- Melhor entediada que envergonhada. Faria tudo por você, Chuck. Mas e se isso for errado? Nunca pensei que fosse possível amar alguém tanto assim, mas talvez seja. Não gosto do que me tornei com você.


(Diálogo entre Blair e Chuck, seriado Gossip Girl. 3ª Temporada, 18º episódio)





"Que pode uma criatura senão, / entre criaturas, amar?". (Drummond)

Em O Banquete, Platão afirma ser o amor a principal motivação da filosofia; que o ser humano busca a imortalidade através da pessoa amada, a chamada procriação. O amor, para ele, é um princípio cósmico. Uma escada, que pode nos levar a dimensões maiores. O primeiro degrau dessa escada, para a maioria das pessoas, encontra-se na forma do amor físico; a atração avassaladora. Contudo, permanecer nesse degrau é estagnizar; contentar-se com o pouco, quando na verdade, você pode o muito. Quando nos apaixonamos, a sensação que toma conta de nós é de que aquela pessoa é o centro do universo. E é assim que deve ser. O que se deve é enxergar não apenas aquela pessoa, mas todo o universo ao redor dela.

Uma paixão sem interesses; real. Sincera. O amor pela beleza que tudo aquilo representa. O amor pelo belo e tudo que ele representa. A elevação, ascenção ao último degrau da escada. Lá, o que existe é bem maior que o amor físico. É o amor platônico; a realização plena, a união de almas. Um sentimento que não causa vergonha, nem arrependimento. Mas sim, uma sensação de complemento.

Sempre ocorrem mudanças em um relacionamento. E sempre é bom refletir sobre elas; se elas estão levando ao último degrau, a consumação real do sentimento. O que vem acontecendo no mundo de hoje é uma banalização da palavra amor. Uma simples aceitação de um conceito que foi deturpado ao passar dos anos; amor que te envergonha não é amor. É necessário uma repropagação do sentimento; do real significado do sentimento. Um resgate aos valores que Platão nos deixou. O amor move o mundo; e, hoje, o mundo está parado.

**

"Teu rosto brilhava na pouca luz da lua. Um pequeno barco passava próximo, quase imperceptível como um sussurro. Ela falava algo do dia que havia passado, contando a bons risos uma história
que um colega de trabalho lhe havia dito. Olhava-me com aqueles olhos reduzidos  pelo sorriso largo de quem está à vontade. O vento trazia-lhe para os lábios os cabelos soltos, todavia não se intimidava, e discorria seu relato tão bom de ser ouvido, que eu me sentia feliz não porque o achava engraçado, mas por achar engraçadinho como ela o contava. Pousava às vezes em meu colo suas mãos inquietas e pequeninas, deixava pender sua cabeça até tocar meu ombro,  me olhando com algum interesse.  De repente calou-se, dando a perscrutar a lua como se eu não existisse...
Num átimo voltou a perceber-me ao seu lado, mas dessa vez não falou mais nada.  Apenas deitou em meu ombro seu rosto mudado,  pondo suas mãos sobre as minhas. Pediu desculpa não sei pelo quê e fechou os olhos. Lentamente foi entrelaçando seus dedos nos meus, resvalando o polegar sobre as articulações dos meus dedos. E foi assim que nos unimos, naquela noite, em felicidade e tristeza.
Da gargalhada à introspecção do silêncio, fomos cúmplice um do outro, fomos criança, fomos espontaneamente vivos."


(Desconhecido)

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